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17 setembro, 2008

A criança e a escrita

Um novo ano lectivo está prestes a principiar. Largas dezenas de milhar de crianças vão iniciar, no próximo mês, pela primeira vez, a aprendizagem da escrita, de acordo com o modelo da sociedade em que estão inseridos. Se não aprender a escrever não será capaz de ler, sem ler nem escrever, ou lendo e escrevendo mal, dificilmente a criancinha de hoje será um cidadão amanhã, capaz de cumprir todos os seus deveres e de lutar pelos seus os direitos, numa sociedade cada vez mais culta, exigente e globalizada. Além disso, a escrita constitui uma identidade cultural e a sua evolução reflecte a mudança da sociedade.Independentemente do método utilizado, global ou analítico-sintético, aconselha-se a iniciar os grafismos num suporte de grandes dimensões e só posteriormente passar para a folha, porque a criança não é capaz de fazer gestos precisos e diminutos. O menino que começa a aprender a “lavrar” o seu campo não pode ver restringido, demasiadamente, o movimento que ainda controla mal.Como quase todos os caracteres tipográficos minúsculos se situam na zona média, talvez fosse mais apropriada a utilização de cadernos de quadrículas, onde as letras obteriam melhor forma e dimensão e os espaços das letras, entre letras e entre palavras resultariam mais equilibrados. Pois, quase todas a letras que constituem a zona média são, praticamente, resultantes de grinaldas e arcos. Uma postura correcta na cadeira é fundamental. O lápis deve ser pegar na posição correcta, entre o polegar e indicador e a falange do médio, nem demasiado distante nem demasiado próximo da folha. Aos esquerdinos deve ser dado um tratamento diferenciado, porque são diferentes. A pressão exercida sobre o papel, no início forte, deve tornar-se mais equilibrada.Às crianças com maiores dificuldades de aprendizagem da escrita deve ser dado o mais cedo possível apoio especializado com exercícios de reeducação da escrita, porque o atraso nesta altura é um caminho aberto ao insucesso nos anos futuros.

02 maio, 2008

O grafólogo na escola

A criança com dificuldades a nível da psicomotricidade (dificuldades de controlo neuromuscular, de coordenação óculo-manual e de organização espácio-temporal), do esquema corporal, da lateralidade apresenta necessariamente a escrita e a leitura deficitárias.
Compete ao grafólogo, através do exame da escrita, elaborar o respectivo diagnóstico, ajudar a criança a admitir e a resolver o problema que a aflige. Atitudes simples como a posição geral do corpo e da coluna vertebral, bem como, o modo de apoiar a mão sobre a folha e de pegar na esferográfica têm uma importância significativa na aprendizagem e no desenvolvimento da escrita e, por consequência, no aproveitamento escolar do aluno. Quanto mais tarde se der a intervenção do técnico, mais difícil se torna a recuperação. Atitudes essenciais serão o respeito pelo ritmo da criança e a incrementação duma sã auto-estima.
O domínio do grafismo parece simples e natural, mas é bastante complexo. As descoordenações motoras e posturas incorrectas reflectem-se na motricidade fina. Como teremos ocasião de explicar mais tarde nesta página, a aprendizagem da escrita está longe de se limitar ao género forma. Esta é importante numa fase inicial, mas não suficiente. Porque escrever é uma actividade mental, como já foi provado por diversos autores e a própria diária experiência o confirma. A personalidade do escrevente está presente em todos os seus actos e, de modo especial, no da escrita.
Dificuldades grafomotoras e de controlo podem ocasionar problemas de pressão, de rotação, de direcção e de distribuição das letras e das palavras no espaço. Pois que, escrever, mesmo no teclado, não é um simples acto mecânico, mas enquadra-se sempre num plano afectivo e intelectual. O gesto gráfico, apesar de se tornar uma rotina, é sempre condicionado pelo estado físico e psicológico. Portanto, para lá da expressão intencionalmente comunicativa da linguagem escrita, existe uma mensagem imanente nos próprios sinais gráficos que escapa a um linguista. Não necessitamos de analisar o conteúdo dum texto para descobrirmos que um jovem é inteligente. Basta reparar na personalização e na harmonia expressas na sua escrita. É praticamente impossível escrever com um conteúdo rico e original, se a grafia apresentar deficiências graves. Uma criança impulsiva, certamente, não fará uma escrita lenta e relaxada.
As causas das perturbações da escrita são, por vezes, múltiplas e profundas e estão quase sempre associadas a factores de ordem emocional. Por trás duma escrita caótica é preciso descobrir um escrevente perturbado que procura libertação.

15 abril, 2008

Prevenir a disgrafia ou reeducar a escrita

Escrita disgráfica, de rapaz com 14 anos, no 5º ano de escolaridade
A escrita é um acto cerebral em que ambos os hemisférios intervêm na sua realização, apesar do predomínio do esquerdo sobre o direito, como pode constatar-se na preferência pela mão direita. Tratando-se dum acto, simultaneamente, neurológico, perceptivo e motor, implica o desenvolvimento das capacidades motora, visual, motora fina, espacial, linguística.
Os sintomas das disfunções gráficas deveriam começar a ser diagnosticados mesmo antes do 1º ano de escolaridade. A simples exercitação, por vezes, não é suficiente para a automatização da escrita. A educação precoce é preferível à reeducação.
A disgrafia é uma perturbação de tipo funcional que não implica lesões cerebrais ou problemas sensoriais. Trata-se de indivíduos normais. Mas é necessário diagnosticar o que está por detrás da disgrafia. As suas causas podem encontrar-se na dificuldade da aquisição do esquema corporal, de orientação, da coordenação óculo-manual e da lateralidade.
A criança disgráfica revela dificuldades na execução de letras, palavras e números: faz deslizar a mão com fadiga, escreve de maneira irregular e com legibilidade insuficiente, segura mal na caneta, deixa espaços irregulares, as margens são desrespeitadas, as linhas apresentam-se confusas, comete erros ortográficos, a dimensão e a inclinação são variáveis, as formas das letras são irregulares, o ritmo é alterado, a pressão é desajustada, as ligações apresentam-se incorrectas, verificam-se torções, interrupções, inversões (umas vezes escreve da esquerda para a direita outras da direita para a esquerda).
Deve ser na escola infantil que começam a identificar-se os pré-requisitos necessários para ultrapassar as causas desta perturbação grafomotora.
Quando a escrita não desempenha a função de comunicar e o gesto gráfico se torna difícil é necessária a reeducação da escrita, através da intervenção dum profissional que saiba lidar com o problema, descobrir as causas e aplicar a terapia adequada. O grafólogo pode fazer um cuidadoso exame grafomotor e colaborar com os professores.
O exame grafomotor consistirá essencialmente na observação da escrita e do desenho, da posição assumida pela criança enquanto escreve, da eventual presença de espasmos, na recolha de dados da anamnese, em provas de percepção, verificação da organização espácio-temporal, na coordenação motora, na predominância lateral, na memória e na atenção. E quando coexistem problemas na linguagem verbal, de relacionamento ou neurológicos, o grafólogo actuará em colaboração com outros profissionais como o psicólogo, o neurologista, o terapeuta da fala, o pedagogo e o professor.
A finalidade da reeducação é facilitar a melhoria da escrita, feita sem fadiga e personalizada. Para que tal suceda, diz R. Oliveaux, é necessário partir de formas simples, cuidando da pressão, da velocidade, do ritmo e da precisão.
A recuperação do aluno com disgrafia requer muito esforço, tempo e constância. É preciso fazer exercícios de pressão com o lápis, traçar grinaldas, arcos, espirais, anéis, variar o ritmo, aumentar a velocidade da escrita, desenvolver uma boa coordenação funcional da mão, dos dedos, da preensão e da pressão; em suma, criar hábitos neuro-motores correctos que permitam fazer todos os micro-gestos implicados na escrita.
Uma análise da escrita deste aluno será publicada neste sítio, noutra ocasião.

10 abril, 2008

Sinais da velocidade da escrita

Escrita rápida

  • Fluida, dinâmica, rápida
  • Arredondada, filiforme, simplificada
  • Margem esquerda crescente
  • Ligada (pintas dos ii e traços dos tt ligados a uma das letras seguintes)
  • Inclinada para a direita, vibrante
  • Pressão nítida e leve
  • Larga, pequena, irregular
  • Maior espaço entre letras
  • Linhas ascendentes
  • Gestos-tipo longos

Escrita lenta

  • Pausas frequentes, estática, monótona
  • Arcada, angulosa, complicada, ornamentada
  • Compacta
  • Desligada, fragmentada, retocada, traços e pontos na vertical
  • Inclinada para a esquerda, rígida
  • Pressão forte, leve, pastosa, deslocada
  • Estreita, irregular
  • Pouco espaço entre letras
  • Linhas descendentes
  • Gestos-tipo curtos


28 março, 2008

O contributo do grafólogo

Na actualidade a escola é solicitada a desempenhar diversas tarefas, numa sociedade em mudança, cada vez mais complexa e exigente, em que o ensino se generalizou.
Os educadores precisam de meios que lhes permitam identificar e superar as necessidades e os limites dos seus alunos e desenvolver as suas potencialidades. Ora, a grafologia estuda principalmente a escrita manual e é na escola que esta mais se pratica. Analisando vários textos ao longo de diversos anos de escolaridade ou em deteminado espaço de tempo, o grafólogo pode coloborar com outros agentes para conhecimento dum aluno, nomeadamente, professores, psicólogo e encarregados de educação. Mas convém lembrar que o significado das várias marcas na escrita varia de acordo com a idade: adulta, da adolescência e da infância.
P. Zanni, grafóloga italiana, num estudo de investigação publicado na revista Scrittura (2007), associa o indício de necessidade de segurança a uma escrita pouco evoluída, com arcadas, com hastes côncavas à direita, com ritmo lento e palavras muito juntas.
J. de Ajuriaguerra (1911-1993), psiquiatra basco, baseado nas variações dos itens de forma e de movimento da escrita, construiu uma escala para avaliar a idade grafomotora das crianças francesas.
U. Avé-Lalleman, psicóloga e grafóloga alemã, autora do teste das estrelas e das ondas (SWT), inventariou mais de duas dezenas de sinais de alarme - pedidos de socorro - na adolescência. A título de exemplo, muitos retoques na escrita seriam um indício de sofrimento interior.
É reconhecido que o autor duma escrita desarmónica, dificilmente se identifica com um aluno bem equilibrado e com bom sucesso.
Uma escrita que se desvie do modelo caligráfico e se personalize é, geralmente, um sinal positivo. E uma letra dita "feia"pode ser obra dum grande espírito criativo.
Torna-se, assim, importante saber interpretar os gestos gráficos que nunca são vazios de conteúdo psíquico, porque toda a escrita é um acto mental e individual.
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