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24 setembro, 2012

Profilómetro na perícia da escrita (5)


 
O profilómetro é um instrumento de medida da terceira dimensão, detetando e medindo, com ultraprecisão, as macro e micro rugosidades e a textura de grandes e pequenas superfíceis. Utiliza-se na perícia da escrita e  noutras áreas, como  medicina e joalharia.

Os profilómetros antigos funcionavam a contacto com a superfície. Presentemente, os profilómetros óticos funcionam sem contacto com a superfície, tornando-se mais velozes, mais fiáveis e mais precisos.
Na imagem observa-se bem que os traços paralelos do símbolo do euro foram realizados depois do curvo, porque, na sobreposição ao espelho, os sulcos dos primeiros estão sobrepostos aos sulcos do segundo. O aparecimento do mesmo símbolo com o traço curvo sobreposto aos paralelos seria sinal de que se trataria dum autor diferente.
 
 
(De artigo da Forensic Science International,  de G.S. Spagnolo)
 
A profilometria a laser permite analisar até ao milésimo de milímetro os cortes da  caneta, a forma, a sequência temporal da sobreposição de traços (feitos mesmo por canetas da mesma cor),  a largura e a profundidade dos sulcos ou dos pontos e outras deformações da superfície do papel ocasionadas pelo instrumento da escrita.  Consegue, ainda, detetar os traços realizados com lápis ou pontas secas, bem como outros sulcos ou alterações realizadas sobre o papel.

As medidas obtidas por scanner são transmitidas para um écran ou computador e, porteriormente, são tratadas e comparadas pelo perito, com o objetivo de descobrir os supostos elementos falsificados. O rítmo e atensão da escrita também podem ser comparados e comprovados.

Todavia, na utilização deste e doutros instrumentos, cabe  ao grafólogo ou perito de escrita manual um papel fundamental, porque, por mais avançada que seja a técnica, a intrepretação dos resultados e a adaptação ao contexto resultam sempre dum ato individual.
 

31 agosto, 2012

A luz em documentoscopia (4)

 
O perito em documentoscopia serve-se de vários tipos de luz para fazer as suas análises.
Espetro visual total
 
De modo geral, utiliza a luz branca (luz natural), no espetro humanamente visível, no comprimento de onda entre 350 e 780 nanómetros. A sensibilidade do olho humano é máxima no espetro de onda à volta 550 nanómetros (laranja e amarelo).
Abaixo deste limite, recorre à luz ultravioleta ou lâmpada de Wood, com o comprimento de onda menor que 380 nm.
A radiação das ondas electromagnéticas é usada para o controlo de documentos, a fim de analisar o brilho do papel, as tintas fluorescentes e outras manipulações fraudulentas. A luz ultravioleta em si não é visível, apenas pode ser observado o seu efeito, ou seja, a fluorescência.
Acima deste limite, é utilizada a luz infravermelha com o comprimento de onda entre 700 e 1400 nm, detetanto tintas diferentes na escrita, alterações de dados e a pressão.
Os vários tipos de luz apresentam uma incidência episcópica ou diascópica.
A luz episcópica ou refletida incide sobre a amostra do lado do observador, pode ser vertical, rasante, oblíqua, unilateral ou bilateral.
 
A luz rasante permitiu evidenciar o relevo no verso da folha
A luz rasante, quase paralela ao plano, faz ressaltar sulcos, sombreamentos e relevos do traçado.
A luz diascópica ou contraluz incide sobre a amostra do lado oposto ao do observador e pode ser, também, projetada de vários ângulos. Não é aconselhável para objetos opacos.
Em cada situação, o perito saberá escolher a luz mais apropriada para relevar os elementos fraudulentos. 

31 julho, 2012

Vídeo Comparador espectral (3)


O espectro visual varia conforme as espécies animais. Por exemplo, os cães e os gatos veem cores que os humanos não conseguem observar. As cobras veem no infravermelho e as abelhas, no ultravioletra. Entre os seres humanos existem algumas variações e limitações, basta pensar nas pessoas daltónicas. Para aumentar o espectro visual recorre a instrumentos, como o vídeo comparador.
Trata-se de um sistema de imagiologia, vídeo projetor de imagens, no espectro visível, ultravioleta e infravermelho, para detetar contrafações ou falsificações de documentos. O vídeo comparador espectral é composto por uma câmara, por fontes luminosas e por filtros óticos. Este equipamento é utilizado pelas polícias de investigação e pelos peritos em documentoscopia e no exame da escrita. A polícia científica examina, especialmente, passaportes, patentes, cartões de identidade, notas e outros documentos suspeitos. Com este instrumento a informação encoberta torna-se clara, através da absorção da fluorescência emitida pela tinta. As fontes de luz ultravioleta (UV) e infravermelha (IR), montadas por trás dos filtros óticos, permitem observar através das alterações dos pigmentos de tinta e do papel, as manipulações fraudulentas,  como sobreposições do traçado ou acrescentos. Os comprimentos de onda observáveis à luz natural situam-se entre os 400 e 760 nanómetros. Com este equipamento consegue-se uma resposta espetral entre os 350 e 1100 nanómetros, com os raios mais curtos no ultravioletra e os mais longos no infravermelho.
Imagem extraída do manuscrito autógrafo da tragédia “La Gioconda”, de Grabriele d`Annuncio (1898) e publicada na net (Investigações Científicas  e Universidade de Cagliari).  Conseguem ler-se as letras que tinham sido rasuradas.

29 junho, 2012

O microscópio e o perito de escrita manual (2)


O microscópio amplia a visão do perito de escrita manual na observação de minúsculos linhas ou pontos. Certos pormenores que passam despercebidos ao próprio falsificador são evidenciados por um simples microscópio. A seguir à lupa, este instrumento de observação ótica é o mais comum no exame da escrita. São, por vezes, as mais ínfimas partículas que fazem a diferença. Os microscópios digitais, em relação aos clássicos, apresentam a vantagem de captarem a imagem, através de foto ou vídeo e enviá-la para o computador, onde pode, ainda, ser modificada com a ajuda de alguns programas de software. Na perícia da escrita manual não tem grande importância o alto poder de ampliação das imagens, como acontece no campo da biologia. O grafólogo observa sinais gráficos e não moléculas. Um microscópio permite aumentar o limite de resolução de 0,2 mm próprio do olho humano, mas, se for demasiado potente, poderá levar a confundir a “árvore com a floresta”. Interessa mais uma boa resolução e uma iluminação variada, episcópica como diacópica, que permita a observação dentro do espetro visível, do ultravioleta ou do infravermelho.
O perito trabalha mais como detetive do que como cientista, apesar de ter que ser rigoroso na fundamentação das suas conclusões. Necessita de ter um olho clínico, de olhar ao mesmo tempo para o particular e para o geral, para o elemento e para o seu contexto.

Esta imagem  da letra "e" obtida pelo microscópio permitiu concluir que se tratava de um documento original escrito com esferográfica. À vista desarmada a cor não se distinguia da da imagem seguinte.

 

No entanto, para observar o sulco deixado pelo instrumento de escrita, é indispensável a utilização de um microscópio estereoscópico. A observação estereoscópica é semelhante à da vista humana e permite analisar a terceira dimensão da escrita, a profundidade e o relevo, especialmente se acompanhados dos tipos de iluminação antes referidos. A título, meramente, exemplificativo e tendo em conta as devidas distâncias, pode dizer-se que para a deteção das falsificações, a informação prestada  pela pressão da escrita é decisiva, tal como acontece com o ADN na genética.

Esta imagem da letra "e" obtida pelo microscópio permitiu concluir que se tratava de uma fotocópia, atendendo à policromia da mancha do Toner da focopiadora.

31 maio, 2012

Instrumentos para análise de escrita manual (1)



O perito da escrita manual serve-se de meios auxiliares de diagnóstico que prolongam a sua visão para além do espetro visível à vista desarmada. Mas, por mais sofisticados que sejam os instrumentos, de pouco nada servem, sem a perspicácia e o espirito de curiosidade do perito.


Ao longo de alguns meses, tratarei dos principais instrumentos utilizados para deteção dos documentos autênticos e dos falsos.


Todo a análise da escrita manual se baseia no confronto entre o documento suspeito e as amostras autógrafas. Podemos dizer que o exame pericial serve-se essencialmente do método comparativo. O segredo está em encontrar semelhanças ou dissemelhanças que sejam pericialmente pertinentes. Os elementos gráficos mais raros e mais específicos do escrevente são os mais significativos. A quantidade de dados detetados é importante, mas mais importante ainda é a sua raridade. A função principal não identificar a pessoa que escreve, mas estabelecer a correspondência entre os vários grafismos. Ou seja, avalia-se a obra e não  o seu autor. Para fundamentar o seu parecer e atribuir um determinado grau de probabilidade, o perito recorre a determinados instrumentos que lhe garantem fiabilidade.


Muitos documentos que à partida parecem formalmente iguais, analisando-os pormenorizadamente, verifica-se que não se correspondem. Outros parecem ter sido elaborados por mãos diferentes, mas estão impregnados dum movimento rítmico que os carateriza e individualiza.


A análise não recai apenas sobre o grafismo em si, mas, igualmente, sobre o espaço e contexto em que o mesmo se situa.  Se o papel tiver sido adulterado, é já um prenúncio de falsidade.


Na árdua tarefa de desmascarar o falsificador, os instrumentos assumem um papel fundamental. Um dos mais vulgares e não menos importante é a lupa.
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