30 setembro, 2009

Jean Hippolyte Michon

Jean Hippolyte Michon (1806-1881), abade, botânico de renome, historiador, teólogo e arqueólogo, foi o fundador da escola francesa de grafologia e é considerado o precursor da ciência grafológica.
Este autor introduziu a palavra grafologia (termo que provém das palavras gregas “graphein” que significa “escrever” e “logos” que quer dizer “estudo”) e utilizou pela primeira vez o método grafológico, deduzindo características psicológicas de um indivíduo, com base na análise da sua escrita.

Durante a sua vida sacerdotal, Michon realizou várias conferências, onde expôs e comentou as novas descobertas científicas, sentindo a oposição da alta sociedade da sua época.

Em 1848, abandonou o ministério paroquial e assumiu o cargo de director do colégio de Thibaudières. Aqui tornou-se amigo do erudito abade de Flandrin que lhe explicou que existia um meio de conhecer as aptidões dos seus alunos, servindo-se da escrita (um conjunto de sinais gráficos que permitiam determinar alguns traços da personalidade do seu autor).

Dentro do espírito das descobertas do século XIX, ele estudou meticulosamente a escrita manual e criou um grande número de sinais gráficos que estavam relacionados com determinados traços do carácter.

Michon empregou todo o tempo e os meios disponíveis ao serviço daquilo que ele designou por “nova ciência”. O seu raciocínio era baseado na relação íntima entre o pensamento e a escrita. Para ele o sinal gráfico estava intimamente relacionado com o sinal psicológico.

Elaborou a teoria do sinal fixo (método baseado na interpretação mais ou menos fixa dos sinais gráficos) que corresponderia a um determinado traço do carácter e a teoria do sinal negativo que consistia em admitir que a ausência de um sinal na escrita permitia deduzir a existência de um traço do carácter com sinal oposto.

Em 1860, no seu livro La Rénovation de l'Eglise, defendeu a eleição dos bispos e o fim do celibato dos padres. Foram-lhe fechadas todas as portas e teve que abandonar o colégio.
Dedicou-se, então, com entusiasmo, à análise da escrita e expôs a sua descoberta em Le Journal de l'Autographe que suscitou um grande interesse.
Em 1872, publicou o livro Les Mystères de l'Ecriture que obteve um enorme sucesso, tendo sido traduzido em várias línguas, entre as quais a portuguesa. Na sua obra Système de graphologie (1875), procurou encontrar os fundamentos teóricos da grafologia.

Escreveu outros livros, como La méthode pratique de graphologie e La graphologie ou l’art de reconnaître les hommes par l’écriture. Criou ainda Societé Française de Graphologie (1871) e a revista La Graphologie, que ainda hoje se publica.
Michon tinha consciência que “o coração do homem está cheio de contradições”, afirmando que a tenacidade e a debilidade de carácter podem coabitar na mesma pessoa.

O grande mérito de Michon está em ter edificado a grafologia sobre bases sólidas e em abrir vários campos de análise.
Termino com duas citações do autor: "A escrita é o relevo visível do pensamento", "on pourrait faire une histoire politique des progrès de l'esprit, de la civilisation, et de la liberté d'une nation avec les seuls manuscrits autographes des contemporains".
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