Psicografia e Grafotecnia

Tem sido grande a quantidade de e-mails que venho recebendo após o lançamento do filme “ Chico Xavier” . Nas rodas de amigos, as perguntas não param. Muitas críticas, positivas e negativas, onde pessoas cultas ainda associam a Grafologia ao ocultismo e a magia.

Ao assistir o filme, verifiquei o equívoco entre a Grafologia e a Grafotecnia , quando dizem que um grafólogo comprovou a veracidade da escrita.

Acho que é um bom momento para falar um pouco mais sobre essa ciência, mostrando a seriedade da mesma e a diferença entre Grafologia e Grafotecnia.

Em 24/01/2008, o Professor e escritor Paulo Sergio de Camargo (http://grafonautas.blogspot.com), colocou em seu grupo na internet a seguinte indicação sobre o tema:
Psicografia como meio de prova: uma análise esposada entre Direito e pesquisa psíquica:
http://promotordejustica.blogspot.com/search?q=grafoscopia


E, para entendermos um pouco:

Grafologia é uma técnica projetiva,expressiva e representativa, de acordo com a definição da psicóloga e grafóloga espanhola, Amparo Botella (vide nota abaixo) .

A Grafologia é utilizada para identificar a personalidade e estado de saúde de uma pessoa por meio da escrita.

A Grafotecnia é a técnica utilizada para testar a veracidade (ou não) da escrita quando um grafismo ou assinatura é questionado. A perícia grafotécnica é realizada com base nos seguintes padrões de confronto: autenticidade ou espontaneidade, contemporaneidade, adequabilidade e quantidade.

O cérebro é dividido em hemisfério direito e esquerdo, sendo no lobo frontal , a área psicomotora, onde a escrita nasce.

Dizemos que a escrita é um gesto automático devido o tálamo e o palladium transformarem os movimentos voluntários em movimentos mecânicos.

O cerebelo garante a administração do equilíbrio e precisão dos movimentos , é dele que parte o controle do tônus muscular.
Então podemos dizer que os movimentos gráficos são provenientes do cérebro e realizados de forma inconsciente.

É bom lembrar que a escrita de uma pessoa está sujeita a modificações, sejam momentâneas ou permanentes, originadas por vários fatores, endógenos ou exógenos. É de responsabilidade do perito grafotécnico , segundo seus conhecimentos e os da lei da ciência, determinar quais diferenças podem estar relacionadas com as modificações naturais ou acidentais e detectar se há fraude ou não.

No livro “Documentoscopia” de Lamartine Bizarro Mendes, encontraremos explicações bem claras sobre o assunto.
Na pág. 22, em “Fenômenos da escrita”, ele fala sobre a teoria neurológica e a teoria psicológica.
Mais adiante , no capítulo sobre “Leis e Princípios Fundamentais da Escrita” , encontraremos os dois princípios fundamentais e as quatro leis que regem o gesto gráfico de acordo com o grafólogo e perito grafotécnico francês, Edmundo Solange Pellat, que em sua monografia de 1927 “Les lois de l’Ecritures”, cita alguns princípios da expressão gráfica.

Na pág. 27 diz: “Muitos autores comparam o consciente a uma casa de força, cuja energia gerada põe em movimento o subconsciente.”
“... tudo quanto a mente consciente capta dos movimentos que são necessários para criar determinadas formas gráficas é jogado no subconsciente, que é o depositário da memória dessas experiências. Assim a escrita é a memorização de tudo quando o consciente experimentou no campo da grafia e , por isso, é produto da mente subconsciente.”

Pág.28: “ A consciência não é, na vida pública, mais do que um momento fugidio.É fora dela que se desenvolve quase toda nossa vida”.(Baldwin)
“ Não escrevemos apenas com mão, mas com o cérebro”(Frederick Scholz).
A frase acima, diz tudo.

Ainda na pág. 27 do livro citado : “ O fato da escrita ser produto do subconsciente, na grafotecnia, tem muita importância, como na coleta de padrões de confronto, para evidenciar disfarces, e nas falsificações , pois , das duas mentes,a do consciente sempre é superada pela mente subjetiva, traindo o falsário...”.

O livro “Manual de Grafoscopia” de Tito Lívio Ferreira Gomide, também possui uma linguagem de fácil entendimento e esclarece bem as técnicas e as leis de Solange Pellat.

Para os interessados, além dos livros citados acima, indico os seguintes:

A Psicografia à Luz da Grafoscopia - Carlos Augusto Perandréa
Tratado de Documentoscopia - Celso Del Picchia e outros
Documentoscopia - Lamartine Bizarro Mendes
Documentoscopia e Grafologia – Geraldo Vale

NOTA:Texto da Psicóloga e Grafóloga Amparo Botella:
La escritura es de una extraordinaria riqueza. La técnica que se ha desarrollado en base a la teoría, permite estudiarla desde tres enfoques complementarios:

- Proyectivo.- Al escribir, debemos circunscribir lo escrito dentro de un espacio que tiene convenciones: márgenes, interlineados, espacios interletras, interpalabras, comas, puntos, párrafos. Dentro de estas convenciones el sujeto se instala con mayor o menor libertad en función de sus propios miedos, de su propia burbuja, etc... que tiene que ver con su experiencia con el entorno, sus condicionamientos... Así nos permite ver cuáles son sus zonas de aversión o de preferencia, amén de muchas más cosas, a partir de símbolos universales. Partimos de Pulver, pero hemos añadido todo el contenido experiencial del desarrollo del sujeto (teorías de Freud, Jung, Klein, Winnicott, etc...).

- Expresivo.- La escritura es un gesto fosilizado (la acepción, que me encanta, es de Michel de Grave). Esto es, es el resultado de un gesto psicomotor que puede ser interpretado con las consignas del lenguaje no verbal (paradójicamente, pues es una forma de lenguaje). Es la expresión de la psicomotricidad del sujeto que escribe y se interpreta con unas claves diferentes a las del lenguaje proyectivo (Klages, Luria, Vigotsky, etc..).

- Representativo.- Las formas de la escritura son una elección, un elemento de representación social del sujeto, que se viste de forma inconsciente con ellas para causar una impresión en el que le lee. Las claves de la interpretación provienen de símbolos universales: lo curvo, lo recto, etc... y en esto enlaza, ciertamente, con lo proyectivo, pero con otra dimensión.

(Esta forma de estudiar la escritura (observación / interpretación) hace que el programa deba incluir asignaturas como Psicología de las diferencias, del desarrollo, social, alén de psicología general, y... psicopatología).

Elisabeth Romar
Grafóloga Sobrag - nº 038
Perito grafotécnico - Conpej –RJ- 01.000.0564